Há seis anos, três professores do Conservatório Souza Lima decidiram se unir afim de tocar os principais sucessos do jazz. Criava-se a banda Rapazes do Trio, hoje simplesmente RDT, cujo primeiro disco foi lançado em 2008 com repertório que reunia oito composições do guitarrista Walter Nery e uma do contrabaixista Guto Brambilla - feitas há tempos, mas que ainda habitavam o mundo das ideias de ambos os músicos. Amanhã o grupo lançará, com show no Teta Jazz, o seu segundo disco, "Antídoto", com todas as nove músicas criadas para o trio.

"Desses seis anos, faz uns quatro ou cinco que começamos a trabalhar de forma autoral", conta o baterista Fernando Baggio. "No segundo disco evoluímos como grupo. Tem composições de todos, pensando no momento atual. Em seis anos, o conjunto tem maior participação na criação", afirma.

O som da banda transmite uma calma aparente, quebrada por momentos de suspense produzidos ora por tensões na música, ora pelo silêncio, numa certa reflexão sobre o agito das grandes cidades. A banda é inspirada pelo movimento do jazz contemporâneo, com influências do guitarrista norte-americano Kurt Rosenwinkel e do baterista e compositor Brain Blade.

"O jazz contemporâneo é pouco difundido no Brasil, feito em Nova York por músicos com idade próxima à minha, entre os 30 a 40 anos. Mistura várias influências, como a própria música brasileira", diz o baterista, de 32 anos.

O grupo não tem produtor e cada um divide as tarefas para a produção, divulgação e agendamento de shows. Os recursos para gravação dos dois discos vieram de uma conta corrente conjunta que eles criaram para guardar todo dinheiro obtido em apresentações nas casas noturnas de jazz de São Paulo.

"Apostamos naquela história de alguém que conhece alguém. É mais difícil conseguir shows assim no Brasil, mas no exterior, por exemplo, estamos preparando até o fim do ano apresentações no Peru, no Chile e na Argentina. Produzir show lá fora é mais fácil que em São Paulo", diz Baggio.

Sem mistério

O também professor Baggio conta que começou a se interessar por bateria muito novo, aos quatro anos, influenciado por uma tia e um tio que tocavam violão e cantavam. Ganhou de presente uma bateria de brinquedo, rapidamente destruída para o desalento dos pais.

"Com sete anos ganhei uma bateria de verdade e nunca mais parei de tocar. Meu ex-professor contestava a visão mística sobre o dom musical. Para ele, o dom se manifesta quando a criança, ao invés de jogar bola, quer estudar bateria. Não é nada de um presente supremo, de nunca precisar estudar."

Serviço

Lançamento do disco "Antídoto", Sábado, 14 de agosto, 22h. Teta Jazz Bar. Rua Cardeal Arcoverde, 1.265, São Paulo.