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Hoje o rei do baião completaria 98 anos

Por I. Malforea

Como explicar uma história onde um garotinho nascido no interior de Pernambuco, sem acesso a boa educação ou qualquer estrutura mais sofisticada tenha fugido de casa para se tornar um dos três ícones maiores do nordeste brasileiro, juntamente do padre Cícero e o cangaceiro Lampião? Destino? Carisma? Competência? Acaso? Talvez um pouco de tudo e mais um pouco. Há 98 anos nascia Luiz Gonzaga do Nascimento, o músico mais influente do nordeste e um dos maiores do país. Fugiu de casa aos dezoito anos após levar uma surra da mãe por ter ameaçado o pai de uma pretendente. Daí entrou para o exército, onde começou sua vida de andanças. No Rio de Janeiro descobriu que poderia tocar a música da sua terra(aprendera a tocar com o pai, Januário, músico famoso em sua região). O sucesso então só aumentou: conseguiu um espaço na Rádio Nacional, a maior do Brasil na década de 40. Esteve no auge do sucesso de 1946 a 1955 e exerceu influência direta sobre centenas de artistas, incluindo Raul Seixas, Zé Ramalho, Fagner, Elba Ramalho e uma infinidade de músicos, nordestinos ou não. Escolheu a dedo seu sucessor, Dominguinhos(com 16 anos), que até hoje carrega seu legado com a mesma simpatia e competência. Está para o baião como Chuck Berry está para o rock, como Bob Marley está para o reggae, como Roberto Carlos está para a jovem guarda, Como João Gilberto para a bossa nova, como Robert Johnson e BB King estão para o blues. Sem dúvida é a figura mais amada do nordeste, pois traduzia em música a realidade do sertanejo, com a autoridade de quem sentiu na pele tudo o que cantou. Morreu em 1989 vítima de câncer de próstata e entrou para o seleto grupo dos imortais no imaginário popular. Hoje faria 98 anos. É um dia de prestar homenagem e gratidão ao velho Lua, (apelido dado em referência à sua cabeça redonda). Três mil vivas ao rei do Nordeste!