Os maiores mestres do Blues estão na Playlist desta semana.

Último domingo de abril e já estamos quase no meio do ano. Não deve ser só impressão minha a de que as semanas passam cada vez mais rápido. Uma das vantagens disso é que chegamos a mais uma Playlist da Semana, desta vez totalmente concentrada nos grandes nomes do Blues clássico.
Pra começar, temos uma das mais expressivas vozes do country/folk blues: Mississippi John Hurt possuia uma forma ímpar de tocar violão e cantar, tornando-o inconfundível. Com certeza mantinha os olhos e ouvidos atentos dos ouvintes por horas a fio. Lazy Blues é a primeira faixa do álbum Worried Blues, lançado em 1963, três anos antes da sua morte.
Em seguida temos uma faixa regada a bandolim e gaita: Texas Tony faz parte de um álbum reunindo Big Joe Williams, Sleepy John Estes, Hammie Nixon e Mike Bloomfield e Yank Rachell, formando a Yank Rachell's Tennessee Jug-Busters, lançado em 1963. O álbum chama-se Mandolin Blues e é indispensável aos bons admiradores do blues.
Logo após, uma figura bastante conhecida, até mesmo por aqueles que não conhecem profundamente o gênero: John Lee Hooker, o artista que melhor que ninguém encarnou o estereótipo do bluesman de terno, chapéu e óculos escuros. Segundo BB King, o maior poeta do Blues. One Bourbon, One Scotch, One Beer, escrita em 1953 por Rudy Toombs é uma das mais regravadas até hoje. Nesta versão de 1995, John Lee mostra todo o seu feeling firme e forte. Faz parte do álbum Chill Out e possui um divertido clipe. Confira aqui. Com certeza o homem das meias mais exóticas do show business.
A quarta música traz nomes de peso: The Super Super Blues Band é formada por ninguém menos que Howlin' Wolf, Muddy Waters e Bo Diddley, numa grande jogada da Chess Records, em 1968. Neste álbum os três cantam seus grandes sucessos e batem bastante papo. Como bons americanos, adoram falar pelos cotovelos. Aqui temos The Red Rooster, gravada inicialmente por Wolf como Little Red Rooster. Imperdível.
Avançando no tempo, chegamos à década de 80, com o grande nome do Blues desta época: Stevie Ray Vaughan, em Mary Had a Little Lamb, do álbum Texas Flood(1983), um dos melhores do texano, que inclui o clássico Pride and Joy.
A maioria das pessoas conhece Willie Dixon como um grande compositor de Blues. Aqui mostramos também seu lado cantor. Não raramente acompanhou os artistas da Chess tocando contrabaixo em shows, então em 1970 reuniu seus maiores sucessos, conhecidos por outros artistas da gravadora, como o trio citado acima, e gravou-os num disco de título nada modesto: I Am the Blues.
Lightnin' Hopkins em minha opinião é o artista que mais se aproxima do Mississipi John Hurt, tanto na voz quanto no violão. Suas faixas mostram de forma bastante clara como foram os primeiros anos do Estéreo: um grande radicalismo ao colocar apenas no canal direito a bateria e no esquerdo o violão. Algo impensável nos dias de hoje, mas nem por isso desagradável. Black Cadillac é uma grande faixa.
Temos agora uma faixa ao vivo, gravada em meados da década de 60 no Newport Folk Festival. Memphis Slim mostra o que sabe fazer ao piano, na faixa Piano Instrumental. Agora voltemos aos primórdios do Delta Blues: Primeiro com a lenda Robert Johnson, na faixa They're Red Hot, uma faixa completamente diferente das outras 28 de seu tão regravado repertório. Esta faixa foi gravada possivelmente em 27/11/1936 num estúdio improvisado num quarto de hotel. Finalizando a Playlist temos Son House, velho conhecido do RJ e um dos grandes divulgadores da lenda da encruzilhada. Walking Blues foi copiada por Johnson em 1936 e é uma de suas 29 lendárias canções. Esta é a versão original, de 1930, por House.
Esta é uma Playlist bastante especial, para aqueles que apreciam o verdadeiro Blues. Deixe seu comentário, crítica ou sugestão logo abaixo. Ouça bastante, e no volume máximo. Até a próxima Playlist.

I. Malforea