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Os CDzinhos loucos pra viajar por aí.

Faltam poucas horas para a entrevista-lançamento do primeiro EP da DB(e meu) e acho que cabe fazer um pequeno balanço até aqui. Não sei bem como cada um reage quando consegue tornar realidade uma parte importante de um grande sonho. Pra falar a verdade eu estou até calmo demais, ou talvez tão nervoso que não perceba.
Imagino que cada músico consagrado se lembre de quando seu primeiro disco(vinil ou CD) ficou pronto. Queria ou não, é um divisor de águas. Seria como o primeiro livro a ser publicado por um autor, ou o primeiro prédio de um engenheiro civil, ou a primeira cirurgia de um médico. São infinitos paralelos em infinitas áreas. Nem sempre quis ser músico. Na infância era extremamente atento à música, mas meu negócio mesmo eram as histórias em quadrinhos. Tive esta mesma sensação quando vi minha primeira história publicada numa revista do Cebolinha. Mas, sabe-se lá por que, deixei essa arte de lado. Na música tudo começou com uma brincadeira inocente de escola, onde um grupo de garotos resolveu montar uma banda. Ninguém sabia tocar nada ou cantar, óbvio. Seria todos aprendermos do zero e daí nos tornarmos músicos. Claro que a grande distância entre a situação onde nos encontrávamos e o pseudo-objetivo era de certa forma, confortante. Quando queremos algo que na verdade não estamos dispostos a ralar pra conseguir, basta jogá-lo para um futuro distante, como "não morro sem ir ao programa do Jô", ou "um dia vou voar de asa-delta". No fundo todos sabem que isto nunca acontecerá, a não ser que seja levado a sério.
Bom, dos quatro garotos eu fui o único que levou a brincadeira a sério. Hoje não tenho contato com nenhum com eles, mas sei que cada um está numa atividade bem distante da música. Sempre fui muito tímido, então nunca tive o costume de cantar em voz alta em lugar nenhum. Apenas aumentava o volume do Guns n' Roses ou Legião Urbana a ponto de ninguém perceber quando eu acompanhava. Obviamente, pra isso acontecer eu teria de cantar perfeitamente afinado e sincronizado com a música. Logo percebi que eu poderia imitar Renato Russo, Humberto Gessinger, Mark Knopfler ou Robert Plant sem muito esforço. Foi quando comecei a ter coragem de soltar a voz um pouco nas rodas de viola ou ensaios de outras bandas. Logo comecei a ser convidado para elas.
A primeira banda que deu certo(leia-se "conseguiu fazer shows") foi a Tomarock, onde eu me esgoelava fazendo covers do Led-Zeppelin. Era algo novo por aqui, apesar de serem músicas mais velhas que eu. Depois me senti sacaneado e aceitei um convite para a The New Old Jam, que possuia o mesmo estilo, mas com músicos um pouco mais apurados. Vivi alguns dos melhores momentos da minha vida nessa banda, que durou um ou dois anos. Depois disso toquei em alguns projetos por aí, mas nada sério. Foi quando surgiu o projeto da DB, em 2009.
Pela primeira vez eu estava à frente do projeto, tomando decisões e finalmente, tendo coragem de colocar uma composição minha pra fora do papel. Nesse tempo entre a TNOJ e a DB adquiri bastante vivência, chegando até a trabalhar com música, mas como produtor cultural. E cá estou, depois de quase dois anos de luta e várias formações, ainda com a DB, lançando seu primeiro conjunto de gravações próprias.
São apenas 6 músicas. Queria que tivesse ao menos mais 4, mas realmente foram muitas dificuldades. Boa parte delas aindaLink está por aqui. Devagar e sempre vamos construindo nosso sonho. Já tivemos a experiência de ter uma música num CD prensado e distribuido por todo o país, o da Máfia da Mortadela, mas ainda não pude dizer que era o "meu" ou "nosso" CD. Hoje será lançado o "nosso" CD, o resultado desses quase dois anos de muito sacrifício e dedicação. E também o prólogo de uma história que, espero, seja bastante longa e promissora. É como num jogo de video-game, onde deixamos pra trás uma fase, arduamente percorida, pra entrarmos noutra, que provavelmente será ainda mais difícil, mas ao menos teremos mais experiência e mais vontade de passar para a próxima. O objetivo é, um dia, poder viver deste sonho, é completar cada vez mais fases e adquirir cada vez mais experiência. Ter histórias pra contar. Assim é a vida.
Essa é, de forma beeeem resumida, a minha trajetória. talvez isso não interesse a muitas pessoas. talvez não interesse a ninguém. Mas talvez sirva pra incentivar algum garoto que, assim como eu aos 13 ou 14 anos, precisasse de um depoimento como este pra seguir em frente. Assim como eu mesmo preciso de um, de alguém mais avançado no jogo. Vocês estão testemunhando a conclusão de uma grande etapa e o início de outra, na busca pessoal de alguém por seu sonho. Não poderia deixar passar em branco. Este EP foi feito com muito carinho, dedicação e detalhismo. Espero que curtam o resultado. Grande abraço,


I. Malforea