O palco do Centro de Convenções pouco antes da entrada do rei
Então... foram longas horas de viagem até Brasília, que por sinal é uma cidade... “intrigante”. Estranho ser tão grande, mas ao mesmo tempo ter um ar tão diferente das metrópoles. Cheia de arvores, espaços imensos entre as construções, com todas aquelas obras incríveis, uma casa de periferia quase ao lado do palácio do planalto, e o melhor de tudo: o Setor de Mansões, rsrs
O Centro de Convenções é um lugar bacana, exceto pela mesa de som que fica no meio da platéia e por infeliz coincidência bem na minha frente, como sou desprovida de altura, isso foi uma dificuldade, mas nada que ofuscasse a alegria que eu sentia em estar ali.
Antes do show fiquei na beira do palco, tirei foto da passagem de som feita por alguns dos músicos, tirei foto de tudo que podia, inclusive de um sax-baixo lindo, que eu fiquei olhando fixamente por uns 10 minutos. O guitarrista da BB King Blues Band tirou uma foto minha e eu uma dele, e disse alguma coisa que nunca vou saber o que foi, uma pena que eu não fale nem entenda uma palavra em inglês.
Destaque especial pro mestre de cerimônias, metido num terno lindo, com chapéu panamá e pro baterista que testando o instrumento de trabalho ficou de costas no palco e abaixou, resultado: vi a maior bunda do Mississipi ao vivo!!
Enfim o show começou: uma abertura arrepiante com a BB King Blues Band, uma série de aplausos acalorados e depois uma salva de palmas mais forte, levantei um pouquinho da cadeira e vi que o motivo era a cadeira de rodas que trazia até a lateral do palco o dono da festa, lá estava ele: o B...
Ele entrou, sentou numa cadeira simples (que não lembrava um trono de rei) bem no meio do palco, puxou Lucille pro colo e começou um show que me fez chorar. Incrível como na idade em que está aquele velho consegue tocar tão bem e manter a voz tão perfeita quanto estava...
Tocou, cantou parou,bateu palmas do jeito mais engraçado e pornográfico do mundo (sabendo ou não disso), elogiou as mulheres, a cidade, provocou os músicos da banda e disse mais um monte de coisas que não entendi. Eu olhava nos telões laterais pra enxergar as caretas, me emocionava com o naipe de sopros, com o som do Hammond, e até com o baterista dando pulinhos porque era grande demais pra caber na pequena cadeira pelo motivo acima citado.
Além de todo talento dele e da banda, era impossível não reparar na cumplicidade entre eles. Durante todo o show, o orgulho dos músicos em acompanhar aquele velho era mais que evidente, e a sinceridade da recíproca dele também.
O show durou quase duas horas, antes de ir ele cantou um “spiritual” que eu já conhecia pelo Louis Armstrong e também por um hino da igreja da minha mãe que tem a mesma melodia, chorei de novo. O mestre de cerimônias entrou no palco mais uma vez, trouxe uma capa e um chapéu Panamá pro B, era tão bonito que seria apropriado dizer que era a “coroa” do rei, eu me sentei e chorei mais uma vez, agradecendo a Deus por estar ali, desejando que ele volte daqui a 3 anos como prometido, e me sentindo como parte da história do blues.
É uma sensação indescritível ver com seus próprios olhos um homem que representa a história da música e ao mesmo tempo tem uma história pessoal tão fascinante que serviria de inspiração para o próprio blues.
Ele jogou palhetas, sorriu e foi simpático no fim do show. Eu não pude chegar mais perto, acho que nem conseguiria se tivesse tentado. Saí de lá em êxtase, na verdade ainda estou em estado de graça. Não tenho coragem de colocar um cd dele pra tocar, tenho medo de quebrar o encanto, rsrs.
Lá estava eu, e lá estava o velho o B, ambos imersos nos maiores prazeres de nossas vidas, ele tocando e eu ouvindo. Se bem que... na verdade era um único prazer: sentir o blues...
BB King apresentou-se no dia 22/03 no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília-DF. Uma das suas últimas apresentações na turnê South America 2010. O DISTINTIVOBLUE.blogspot.com foi até lá conferir.
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