Hervé Bouhris homenageia os 50 anos do estilo com tributo a seus ídolos.
G1 traz prévia de 'O pequeno livro do rock', que será lançado esta semana.
O livro de capa vermelha é quase quadrado, como um disco de vinil em sete polegadas. O recheio, em vez de um hit no lado A e uma faixa exclusiva no lado B, traz centenas de páginas ilustradas, que narram a história de um dos gêneros musicais mais importantes do século XX.
“O pequeno livro do rock”, que chega às livrarias brasileiras na próxima semana pela editora Conrad, é obra do quadrinista francês Hervé Bouhris, um fanático pelo estilo que escolheu homenagear os mais de 50 anos de história do rock redesenhando meticulosamente capas de discos, promovendo "batalhas entre bandas" e compilando listas pessoais de melhores discos.
“Aos 14 anos, eu comecei a tomar nota dos causos, discografias e informações sobre o rock que encontrava em toneladas de livros, revistas e discos que coleciono. Em 2005, passei a agrupar tudo em livro, como uma colcha de retalhos, mas de forma cronológica”, explica o autor em entrevista por e-mail ao G1.
A HQ começa em 1915, nas origens do rock, e vai até 15 de junho de 2009. Mas no lugar de contar uma história linear e completa, Bouhris prefere destacar de maneira impressionista os seus momentos favoritos da música pop nas últimas décadas.
“Eu já tentei falar de rock através da ficção, mas isso não me satisfaz mais”, diz o quadrinista. “O formato seria originalmente o de um romance, mas discutindo com o meu editor achamos mais lógico fazer no formato [de um vinil de] 45 rotações.”
'O pequeno livro dos Beatles'
Bouhris conta que demorou dois anos para terminar a HQ, apesar de ter começado a fazer suas anotações ainda em 1988.
Fã de quadrinistas como Jack Kirby, René Goscinny e Seth, o autor diz que Raymond Pettibon (ilustrador da capa do disco “Goo”, do Sonic Youth, entre outros) foi uma das suas principais referências na hora de desenhar seu “Pequeno livro do rock”.
“No começo o meu traço era muito estilizado, um pouco cartoon, mas depois o desenho tornou-se mais realista. Atualmente estou trabalhando em um projeto parecido, ‘O pequeno livro dos Beatles’, e o meu traço se tornou quase realista, uma metamorfose estranha”, revela.
Uma das causas da mudança no estilo do autor foi a quantidade imensa de capas de álbuns clássicos e outras imagens icônicas do rock, redesenhadas com precisão pelo artista.
Do Brasil à França
Quem observar o livro com atenção vai encontrar algumas boas referências de rock brasileiro, incluindo Mutantes, Sepultura, CSS e até a capa da coletânea de 2006 “The sexual life of savages”, que resgata o pós-punk paulistano dos anos 80.
“Eu adoro música brasileira, de bossa nova a CSS. Sou fascinado por Jobim, que me parece ser tão importante quanto Dylan ou Gainsbourg na França. E eu adoro o movimento tropicalista, Mutantes, Duprat, etc. Também gosto muito do Jorge Ben dos anos 70. Seu país é uma espécie de fantasma para mim, e um grande país por sua música”, diz o quadrinista.
Por outro lado, "O pequeno livro do rock" está lotado de referências ao pop francês, destacando nomes como Serge Gainsbourg, Brigitte Fontaine, Mano Negra, Françoise Hardy e até os eletrônicos mascarados do Daft Punk.
Feliz com a possibilidade de que seu álbum - “o ponto de vista de um pequeno francês sobre a música popular” - aumente o interesse dos roqueiros brasileiros pela produção francesa, Bouris elaborou, a pedido do G1, uma lista com os dez discos essenciais do pop francês. Veja abaixo:
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