Maíra Assmann Do EGO, em São Paulo


Iwi Onodera/EGO
O decotão de Cyndi Lauper

Usando um decote generoso em um sóbrio terninho, a cantora americana Cyndi Lauper gravou o programa "Altas Horas" nesta segunda, 21, em São Paulo. Ícone pop dos anos 80, a loira está no Brasil para divulgar seu novo trabalho, "Memphis Blues", uma releitura em ritmo de blues de seus hits. "Comecei cantando Janis Joplin, estou voltando às origens", explicou ela durante o programa de Serginho Groisman, exibindo um penteado pra lá de moderno.

Famosa por seus cabelos coloridos, Lauper deu risada ao ver no telão imagens de diversos looks que teve ao longo da carreira, surpreendendo-se com foto da fase ruiva. "Me diverti demais com este cabelo, mas o amarelo é meu favorito. Tive cabelos de diversas maneiras, sempre dependendo do que eu queria passar. Engraçado como a moda vai e volta e as pessoas riem disso depois", falou.


Elogiada e apontada a todo momento como ídolo pela platéia - formada em sua maioria por adolescentes -, Cyndi falou da alegria de ver seu trabalho admirado por pessoas das mais variadas idades. "Música passa de geração para geração. Eu mesma sou uma pessoa que também foi influenciada por outros cantores de gerações anteriores, e espero que não tenha bagunçado a cabeça de vocês com minha música", disse.


A cantora ainda revelou a fórmula de uma carreira de décadas. "Me disseram, logo que comecei, que minha música devia ser descartável, mas eu disse não. Depois do primeiro sucesso, pensei que não faria outros sucessos, que seria difícil continuar no topo. Mas tive que continuar, pagar minhas contas... E as coisas são assim: depois o sucesso veio. Isso porque nunca fiz músicas que fossem descartáveis", detalhou, comparando-se com ídolos teens da atualidade. "Só o tempo vai dizer se este tipo de arte deles vai continuar", emendou, se referindo a artistas como Lady Gaga, Katy Perry e Justin Bieber.

Atenta às entrevistas com os outros participantes do programa - o músico Lobão, a atriz Alice Braga e o comediante Bruno Mazzeo -, a cantora se mostrou divertida e simples, a ponto de se sentar ao lado de fãs na platéia, e até opinar sobre sexo durante o quadro do tema. "Existe camisinha feminina! Se prevenir contra a Aids também está nas mãos das mulheres", ensinou, revelando detalhes da sua intimidade quando o assunto foi sexo aos 9 meses da gestação. "Eu até que tentei, mas não deu...desculpa!", declarou, as risos.


Cyndi também contou que foi o seu marido, o ator David Thorton, que a ajudou a preparar seu papel na série "Bones". "Eu não sou boa como essas atrizes, mas comecei o seriado para fugir um pouco da música, que estava me deixando louca", justifica, apontando para Alice Braga. "Quando me chamaram, pensei que fosse uma comédia, mas depois vi que a coisa era séria. Então pedi ajuda para o meu marido para compor o personagem", completa. Sem pretenção de uma trajetória de sucesso como atriz, ela comparou os dois tipos de trabalho. "O script tem ritmo, assim como a música. Por isso gosto de lê-lo, já que sou apaixonada por ritmo. Aliás, gosto da língua portuguesa, do ritmo com que vocês brasileiros falam".


Depois de cantar três músicas no palco do "Altas Horas", de dançar, tocar instrumento e até fazer uma performance no chão, Cyndi contou sobre a origem das letras das suas composições. "Venho de uma família italiana, de um contexto em que a mulher era reprimida e pouco se divertia. Então saí do ventre com luvas de boxe, pronta para lutar pela mulher. Minha mãe e avó, que estão lá no céu, sabem do que estou falando", explicou. "Mas mesmo quando toco minhas clássicas, tenho em mente que vale o momento atual, e que minha música é aqui e agora, não na década de 80", completou, arriscando umas palavrinhas em português.

Iwi Onodera/EGO
Cyndi Lauper


Iwi Onodera/EGO
Cyndi Lauper, Lobão, Alice Braga e Bruno Mazzeo