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Os músicos norte-americanos tiram fotos com crianças do Baccarelli (Foto: Carolina Iskandarian/ G1)

Carolina Iskandarian Do G1 SP

“Excellent day". Essas foram as primeiras palavras em inglês do trombonista de jazz norte-americano Delfeayo Marsalis assim que pisou nesta terça-feira (2) no Instituto Baccarelli, na Favela de Heliópolis, a maior de São Paulo. Para as crianças e jovens carentes que aprendem música clássica na escola também foi um excelente dia. Marsalis e sua banda "Delfeayo Marsalis Sextet" estão na cidade como convidados de um festival de jazz e aproveitaram para não só conhecer o projeto social, mas também para dar uma rápida aula aos estudantes.

Marsalis nasceu em Nova Orleans, considerada o berço do jazz. Ele esbanjou simpatia durante as quase duas horas no instituto, localizado na Zona Sul da capital. Foi recepcionado por um grupo de crianças que aprendeu a tocar violino há apenas seis meses, ouviu uma apresentação de uma das orquestras do Baccarelli e interagiu com os jovens do coral.

O músico se empolgou principalmente quando os jovens cantaram a mundialmente conhecida “Garota de Ipanema”, de Tom Jobim. Até Dezron Douglas, que toca baixo acústico na banda, ajudou com algumas notas. Os americanos também pareciam encantados com os ritmos brasileiros, como forró e maxixe.

Baccarelli 2 (Foto: Carolina Iskandarian/ G1)
Crianças assistem à apresentação de Marsalis
(camisa azul clara) e sua banda
(Foto: Carolina Iskandarian/ G1)

“Percebi o quanto eles são disciplinados. Imediatamente, vi que tocam com alegria e paixão”, contou o trombonista momentos antes de deixar o Instituto Baccarelli às 17h. Ele ainda tinha que passar o som com os outros três integrantes da banda para a apresentação desta noite no Bourbon Street Festival. “Não sabia que aqui em São Paulo havia tantos estudantes de música”, completou Marsalis, em sua terceira passagem pela cidade.

O momento mais importante da visita foi a interação entre os norte-americanos e os jovens do Baccarelli, que não costumam ter contato com o jazz. James, nascido e criado em Heliópolis, assumiu a bateria e deu uma canja. A percussionista Marianna impressionou os gringos com o pandeiro e o quarteto Alex, Marcos, Aline e Marcos, no trombone, teve o prazer de tocar com Marsalis e a banda.

Improviso
A saia-justa veio quando os jovens disseram que não saberiam improvisar com ele. Tinham uma apresentação pronta, com tudo na partitura. Marsalis, então, resolveu colocar o seu baterista Adonis Rose para acompanhar o grupo em uma música brasileira que eles escolheram. E, bastante aplaudido, músico estrangeiro se saiu bem, sempre atento aos movimentos dos meninos do Baccarelli. “Você nunca sabe. É melhor estar preparado. Nem sempre tem que seguir o script”, disse Marsalis, dando seu recado.

O trombonista não apenas ensinou: aprendeu. “O jeito que eles tocam percussão é único no Brasil.” Para o baterista e percusionista James Luiz Calegari, de 22 anos, ter tido a chance de tocar com os norte-americanos foi inesquecível. “É uma oportunidade incrível tocar com caras desse calibre. Eu me senti honrado e lisonjeado.” O que ele aprendeu com a banda? “Que eu tenho que estudar muito para chegar onde eles estão”, afirmou, rindo.

Edílson Ventureli, diretor-executivo e maestro do Instituto Baccarelli, considerou a visita “fantástica”. “É superlegal receber esse pessoal do jazz porque eles brincam fazendo música e a gente não pode perder isso.” No meio das brincadeiras, algumas crianças perguntavam a Marsalis: “What´s your name? (qual seu nome?)”. Ele ria e respondia. E a visita foi toda assim: na música, nos gestos, nos sorrisos e apertos de mão, todo mundo se entendeu.


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