Os Diglett Joes, subdivisão da Distintivo Blue
Por I. Malforea
Vida de músico não é fácil, blá blá blá que todo mundo está careca de saber. O negócio é se antecipar aos perrengues e passar o mínimo de estresse possível, principalmente se você depende da música para pagar suas contas. Se você está entrando nesta vida, já devem ter lhe avisado que não é um mar de flores, mas se é o que você gosta realmente de fazer, as dificuldades não serão maiores que as satisfações, como em qualquer trabalho. Está em dúvida? Faça um breve exercício mental e... Ops, vamos deixar essa para uma das dicas. Leia, pense bem, e força na estrada, jovem Joe!

Obs.: Não se sinta ofendido(a) por algo descrito abaixo que você não fez/faz. Se a carapuça não servir, não há por que ficar de mimimi. Já se você fez/faz... Bem... Vamos tentar melhorar, né?


1 - Estabeleça claramente qual é a sua

Seja realista: você é alguém que pretende viver da música (leia-se preocupar-se em tocar sempre para pagar as próprias contas) ou ela para você é um hobby (leia-se aquele que toca quando quiser, apenas para se satisfazer, mas não gostaria de ter isso como uma obrigação)? Não há problema nenhum em ser a segunda opção, pois você deve gostar muito da música a ponto de deixar de ser um mero consumidor para ser um fornecedor desse serviço. Mas há um porém: se você, por não precisar da música para comer, toca até de graça, por satisfação pessoal, saiba que você mal-acostuma os donos de estabelecimentos a pagar pouco aos que vivem disso e batalham por uma vida digna. Afinal, se o Zezinho toca três horas por R$50,00, por que diabos o Josefino deveria receber R$300,00? O verdadeiro músico acaba sendo nivelado por baixo, como qualquer aventureiro que quer se exibir para os amigos enquanto assassina canções alheias. Se você topa tocar de graça, reúna seus amigos e toque para eles, não estrague o campo de trabalho de quem leva a música a sério. É justamente esse tipo de pessoa que está no início do processo de desvalorização do bom músico.

2 - Entenda que a maioria das pessoas pensa que ser músico é simplesmente fácil.

Já ouvi isso de muita gente: "você tem a vida boa, né? É só tocar um pouquinho e receber a grana". As pessoas comuns simplesmente não entendem que música é algo que demanda estudo, investimentos, planejamentos, negociações, ações de marketing e tudo o mais. Elas, sabe-se lá o porquê, não entendem que o "tocar" é apenas a ponta do iceberg e pensam que o processo se resume àquilo. Por isso sua postura não deve colaborar com isso. Você se preparou por horas, dias, meses a fio para chegar ao estágio em que está. Você é um profissional como qualquer outro, cujo trabalho se divide em cerca de 85% de forma solitária ou "escondida", e 15% "visível" ao público-alvo. Quando alguém, algum dono de restaurante, por exemplo, falar uma bobagem como essa, faça o paralelo com o próprio estabelecimento: "O meu trabalho é igual o seu. Ou será que você só começa a trabalhar quando abre as portas do restaurante?". Respeite a profissão dos outros, mas encontre meios de se fazer respeitar também, ou simplesmente não o farão.

3 - Invista em seu equipamento e esqueça o dos outros

Não se iluda: dificilmente você encontrará um lugar com bons equipamentos. A vida real é microfone pirata que não vale um real furado, mesa de som de oito canais, onde só funcionam três (isso quando existe a enorme sensibilidade para se comprar uma), caixas horríveis e a palavra "retorno" remete apenas às aulas de trânsito no DETRAN. Compre seu microfone, depois de uma boa pesquisa, seus cabos, fones e o que mais sentir necessidade. Leve suas extensões de tomada e tome sempre o cuidado de não deixar misturarem com as do estabelecimento. Pense em alguma forma de marcar seus cabos, por exemplo. O objetivo é melhorar ao máximo o som que sai das caixas. Muitas vezes não dá para fazer milagre com o equipamento dos próprios estabelecimentos porque, para boa parte deles, isso não é importante o suficiente para um bom investimento. A esmagadora maioria dos donos de estabelecimento é capaz de gastar uma fortuna em tudo, e reluta em comprar um mixerzinho de R$300,00. Isso porque, na cabeça dele, o músico é o cara que faz o "milagre" acontecer, e isso é problema todo dele. Seu equipamento é seu maior aliado, e fazer feio por causa de um microfone que deveria estar no lixo é algo totalmente desnecessário. Lembre-se: é sua imagem, sua reputação, seu trabalho que está à mostra. Claro, use o bom senso. Não vá virar um burro de carga. Faça o possível e razoável.


4 - Lembre, relembre, re-relembre datas já marcadas

Há milênios o homem inventou a escrita. Logo depois veio o papel. E de lá pra cá o negócio deu muito certo. Nem tanto: o simples ato de escrever numa agenda, calendário ou em qualquer lugar que no dia X a pessoa Y tocará no bar Z parece ser de enorme complexidade para algumas pessoas, sejam músicos ou donos de estabelecimento. Já passei por inúmeras vezes pela desagradável (isso para ser bem suave) situação de ter uma data marcada em algum lugar e, na última hora, descobrir que outra pessoa está sendo divulgada para meu horário. O dono do bar simplesmente ESQUECEU que havia marcado comigo, ou com o outro. Eles não usam uma bendita agenda para organizar suas datas. Isso é MUITO complicado para quem vive da música: uma sexta feira perdida significa uma conta a menos sendo paga, e eles não estão nem um pouco preocupados com esse detalhe. Isso olhando pelo meu lado, de músico, mas sei que muitos músicos também fazem esta sacanagem com os contratantes. Estamos falando de trabalho, e isso exige um MÍNIMO de organização. Eu tenho um calendário (daqueles de mesa, que os bancos distribuem no início do ano) onde anoto todos os meus shows. Assim, nunca dei mancada com alguém. Faça isso: ANOTE e CONSULTE. Suas mãos não apodrecerão e você evitará transtornos. Quando o problema for o outro, faça como eu: dê um calendário de presente, naquele tom de "brincadeira-mas-estou-falando-sério". E não se sinta mal por ser chato com a pessoa ao ficar relembrando da sua data. Pior ainda é perder o cachê de uma noite por pura falta de organização.

5 - Seja pontual

Isto é o básico do básico e, teoricamente, nem deveria ser mencionado, porque é uma questão de educação. Marcou 21h no Bar do Estrôncio? Pense! Se a apresentação começa nesse horário, você não é o Paul McCartney para se dar o luxo de simplesmente chegar, dar boa noite e começar. Chegue um tempo antes, ao menos meia hora, a depender da quantidade de equipamento e do que deve ser feito antes de começar. Comece na hora prevista, termine na hora prevista. Isso é ser profissional, e a falta desse profissionalismo é justamente do que todo brasileiro adora reclamar. Comece olhando para si mesmo antes de apontar alguém. Claro, atrasos também são fator-chave para deixar de ser chamado novamente, mas encare a pontualidade principalmente como marketing pessoal e respeito ao contratante e ao público.

6 - Não beba em serviço

A música confunde a todos: público, contratante e o próprio músico, quando ele não tem uma ideia clara do que é ser músico. Você é um PRESTADOR DE SERVIÇO, assim como o garçom, o segurança, o taxista, o mestre de cerimônias, o jornalista, o advogado, o médico. Vendemos algo não-palpável com o agravante de ser algo que, estranhamente, É PRAZEROSO! Não devia ser assim, mas é uma grande exceção à regra trabalhar com algo em que se gosta. No meu caso, algo em que se ame. O Advogado não trabalha bêbado, o médico muito menos, o garçom idem. Por que diabos seria diferente com você? A não ser que você já seja um rock star (e mesmo estes não se justificam, ao meu ver), não beba em serviço. A qualidade do que você entrega ao público cai, seu instrumento de trabalho é agredido (no caso de ser você o cantor) e você pode se queimar bonito. Tudo bem, você só consegue relaxar depois de uma dose, um copo? Beba essa dose, esse copo, e já passe para a água ou suco. Não exija profissionalismo dos outros se ainda não aprendeu a sê-lo. Trabalho é trabalho e quem está ali para beber são os clientes. Você e todos os funcionários do estabelecimento estão lá para trabalhar. No dia seguinte, quando você sair às ruas, o público estará no papel do prestador de serviço e você será o cliente a ser agradado, então, nem venha com mimimi de baixa autoestima. A diferença entre você e ele é apenas uma questão de horário de trabalho. Você não é inferior por estar trabalhando na hora de lazer dos outros. Um lembrete: não há nada mais deprimente do que ter de deixar o cachê inteiro no bar para pagar sua bebedeira, a não ser que você não encare a música de forma profissional.

7 - respeite seu repertório

"Toca Raul!" "Toca telegrama!" "Toca aquela do Djavan!" "Toca sertanejo!" são frases que sempre são ouvidas em nosso ambiente de trabalho. Antigamente se tinha a ideia de que o músico deve tocar o que o público pede. Como eu comecei em palcos com banda e depois fui para barzinhos, tenho sempre em mente que minha apresentação é um show. Ninguém pede ao Frejat para tocar "Chão de Giz" nos shows, por que pedem a mim? Justamente por causa dessa ideia antiquada e errada de que o músico é uma espécie de escravo-animador-puxa-saco do público. Como dito no ítem 2, nosso ramo demanda um trabalhoso preparo. Se você tenta tocar uma música que não conhece direito, apenas para agradar à jovem de minissaia que pediu uma música daquela dupla "famosa" que você nunca ouviu falar, qual a lógica de atender esse pedido? Você vai apenas "queimar seu filme". Seja educado e diga, num caso como este, que esta música você não toca, mas (caso você realmente veja como uma boa incrementação ao seu repertório) na próxima vez ela será atendida. Quando me pedem sertanejo, eu apenas digo que não toco esse estilo. Daí respondem, às vezes: "Mas você tem que tocar o que o povo gosta". E eu digo: "Nem tudo o que o povo gosta faz meu estilo, sinto muito, mas não dá." Seja educado(a), mas firme. É você quem está no comando. Se a música estiver em seu repertório, ótimo: você terá um fã na plateia e potencial comprador do seu CD.

8 - Invista em suas próprias músicas

O público adora ouvir suas músicas preferidas sendo bem tocadas por alguém de carne e osso. Quando isso acontece, logo perguntam por CD, com aquelas músicas. Nessa hora eu entro numa discussão interna: "se eu gosto de 'Wish You Were Here', do Pink Floyd, por que eu deveria preferir um CD com a voz do cara que está tocando ao invés de um com a do David Gilmour?" Bom, até hoje não tenho bem uma opinião formada sobre isso, mas o fato é que isso existe e muita gente rejeita meu CD autoral quando descobre que não é "Wish You Were Here" que está lá, mas também existem os que valorizam o trabalho autoral e fazem questão de comprar o CD. Isso é um grande incentivo. Não sei vocês, mas uma das coisas mais prazerosas desse trabalho é ver que o público curtiu a música que eu mesmo escrevi. A minha letra, minha melodia fez algum sentido para aquele desconhecido. Queira ou não, ter músicas próprias faz você subir alguns degraus de conceito. Você cria conteúdo, não apenas reproduz de forma rasa. Crie coragem para tirar sua música do papel. Se estiver inseguro(a), mostre a outros músicos, pedindo opiniões sinceras. Trabalhe-a em casa. Intercale com covers, e prefira tocá-la logo após algum que você faça muito bem e que o público goste. Você já terá a atenção dele, daí é só anunciar que a próxima será sua e tocar. Aliás, nunca se esqueça de anunciar suas músicas: a maioria ouvirá pela primeira vez e não tem a menor obrigação de adivinhar quais são covers e quais são autorais. Tocando suas músicas você as aperfeiçoa. E isso é um dos principais caminhos para uma futura gravação de sucesso.

9 - Não tenha medo de ousar

Uma das coisas que mais me irritam é a mesmice. E a boa parte do público também. Mas a inércia é confortável e a maior prova disso é que várias músicas já são reconhecidas como "música de barzinho". Você não quer ser só mais um... Ou quer? Pense em inovar, usar instrumentos diferentes, samples, tons e roupagens diferentes para as músicas, convidar outros músicos para participar... Há uma infinidade de possibilidades na música, e você não precisa ser igual a todo mundo. Essa mentalidade, aliás, será sua melhor qualidade e, caso você faça bem feito, será reconhecido por isto. Algo que adoro ouvir é: "Vocês não tocam como todo mundo que faz barzinho. Vocês fazem um show de verdade". Isto, aliás, pede o próximo item. Resumindo, dê sua personalidade ao seu trabalho. Não se esqueça que a música é, antes de tudo, uma forma de expressão.

10 - Não se deslumbre com elogios, nem o inverso

Elogio é bom e todo mundo gosta, mas fique sempre atento(a), pois é um terreno perigoso. O elogio massageia o ego e pode salvar seu dia, mas tenha sempre em mente que você NÃO é o melhor do mundo no que faz. Se o elogio chegou a você é porque seus esforços anteriores deram certo. Isso mostra que você está no caminho correto e pode confiar em suas ideias. Continue se esforçando e jamais perca a humildade. A arrogância é facilmente percebida pelas pessoas, que não costumam perdoá-la. Mesmo os arrogantes odeiam a arrogância dos outros. Guarde com carinho os elogios, como uma espécie de recompensa, mas também desconfie quando for exagerado: muita gente simplesmente não consegue ser sincera e sempre é mais fácil elogiar que criticar. Sobre as críticas, use o mesmo cuidado: elas virão com muito menos frequência que os elogios, claro, mas saiba diferenciar uma crítica construtiva e sincera de mero despeito. Tente tornar útil toda e qualquer crítica. É uma arma que você recebe de graça para encontrar seus pontos fracos e anulá-los ou, ao menos, minimizá-los. Acima de tudo, tenha senso crítico sobre você mesmo(a): o que nesse elogio ou crítica é realmente verdade sobre você? Olhe-se no espelho e não se engane: o mundo inteiro pode estar errado e você certo, mas também pode acontecer o contrário.


Talvez este post terá uma parte 2. =)

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