Todo ano durante o carnaval, o brasileiro se dirige a algum centro de folia. Acredito que faz parte da genética dos trópicos essa inclinação pra festa que nós temos. Mas quem não curte os ritmos próprios do carnaval brasileiro muitas vezes fica sem diversão durante o feriado mais animado do país.
No Ceará, na pequena cidade de Guaramiranga o carnaval é diferente. Durante os dias de folia nacional, a cidade promove o Festival Blues & Jazz.
Guaramiranga fica na região serrana do estado, a 100km da capital, Fortaleza, oferece a beleza da mata atlântica e cachoeiras, combinada ao clima ameno dos seus 865m de altitude.
Em 2010 o Festival chega à sua 11ª edição, acontecerá durante os dias 13 e 16 de fevereiro em Guaramiranga, e depois, entre os dias 18 e 20, seguirá para Fortaleza. A programação vai de 10h da manhã até as 3h da madrugada, em espaços abertos e fechados com atrações pagas e gratuitas durante todos os dias.
Este ano o Festival lança mais dois projetos imperdíveis: o Café Tom, realizado no teatro Rachel de Queiroz, no qual acontecerá durante todos os dias a exposição sobre uma década de carnaval jazzístico, e contará coma presença de jornalistas e músicos. E o genial projeto “residências artísticas”que visa colaborar com a formação musical de uma nova geração artística, profissional ou não. Os alunos assistirão aulas teóricas e práticas de música, ministradas por importantes instrumentistas locais e nacionais. Todas essas aulas serão gratuitas e parte dos alunos terá todas as despesas custeadas pelo projeto.
Durante 10 anos, o público do Festival Jazz & Blues já apreciou artistas como Dominguinhos, Toots Thielemans, César Camargo Mariano, Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti, Jean Jacques Milteau, Ivan Lins, Scott Henderson, Stanley Jordan, Pedro Aznar, Paulo e Daniel Jobim, Nuno Mindelis, Leny Andrade, Gilson Peranzzetta, e mais uma infinidade de estrelas do blues, jazz e da música brasileira.
Este ano o Festival Jazz & Blues apresenta atrações de prestigio nacional e internacional. Grandes parcerias estarão nos palcos, como a do pianista cearense Antônio José com o baterista e do percussionista carioca Robertinho Silva, que comemora 50 anos de carreira. Outra dupla, formada pelo pianista mineiro Túlio Mourão e o violonista cearense Nonato Luiz trazem o repertório do CD Mangabeira, além de momentos solos de cada um dos artistas.
Também se apresentaram o pianista, tecladista, compositor, arranjador, maestro e diretor musical, Wagner Tiso junto a Victor Biglione um dos maiores guitarristas e violonistas da atualidade. De São Paulo virá o Trio Corrente, recebendo o saxofonista cubano Paquito D’Rivera, um dos maiores nomes internacionais da música instrumental. O Trio Corrente acompanhará o também paulista Chico Pinheiro, reconhecido internacionalmente como extraordinário guitarrista e compositor.
Rildo Hora se apresenta ao lado de Misael da Hora, juntos, pai e filho mostram na gaita e no piano um repertório variado, que viaja do erudito ao jazz brasileiro. Do Rio de Janeiro, o Festival recebe Carlos Malta, conhecido como Escultor do Vento, é multiinstrumentista, compositor, orquestrador, educador e produtor cultural.
Minas Gerais presenteia as terras cearenses com os grupos: Ramo, que apresenta uma música instrumental viva e criativa, e a sonoridade mágica do grupo UAKTI, que utiliza instrumentos feitos com materiais como tubos de PVC, vidros, metais, pedras, borracha, cabaças e até água.
Representando o nordeste o grupo baiano Viola de Arame, do nosso já conhecido Júlio Caldas e seu parceiro Cássio Nobre, abusa da sonoridade inconfundível das violas. Já o Caninga Trio, do Rio Grande no Norte desenvolve um repertório instrumental voltado para uma formação pouco comum, onde saxofone, guitarra e baixo de seis cordas executam temas autorais e arranjos próprios da música popular e instrumental. A cearense Marimbanda festeja dez anos de sua fundação com um passeio pelo Brasil musical, tocando baião, frevo, choro, samba, além de um jazz autoral brasileiríssimo e de novas releituras.
Completando o time, o flautista carioca Márcio Resende e a cantora parisiense Paula Tesser, ambos residentes no Ceará homenageiam importantes nomes do jazz mundial.
Representando o Blues, três gaitistas de países diferentes que já percorreram boa parte da América Latina, EUA e Europa, em turnê com suas respectivas bandas, estão juntos no Harmônica Mercosul, formado por Jefferson Gonçalves (Brasil), Nicolas Smoljan (Argentina) e Gonzalo Araya (Chile). Os três já dividiram o palco diversas vezes, em jam sessions mundo afora e, agora juntos, mostram ao público todas as facetas sonoras que a gaita é capaz de produzir, mostrando três estilos diferentes de tocar o mesmo instrumento.
Encerrando a programação, o guitarrista Artur Menezes comandará as Jam Sessions, agitando as madrugadas do Festival Jazz & Blues.
Porém, o melhor ainda está por vir... O gigante gênio do Blues, Magic Slim, do alto dos seus 70 anos, é um ícone do Chicago Blues. O guitarrista tem 28 discos oficiais gravados. Seu mais recente trabalho é Midnight Blues, lançado em 2008. Os shows de Magic Slim não têm ensaio ou setlist programados, o repertório é direcionado na hora, de acordo com a reação do público. Portanto, quem tiver oportunidade de ver o mestre no palco presenciará um show único.
Fica aí, nossa dica de folia no carnaval para os apreciadores da boa música.
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